Bonito, em Mato Grosso do Sul, é conhecida internacionalmente por suas águas cristalinas, ecoturismo vibrante e biodiversidade rica. Mas uma ameaça invasora exótica está causando alvoroço: os javalis (e híbridos com porcos domésticos, chamados javaporcos) estão degradando nascentes, destruindo lavouras, provocando prejuízos econômicos e representando risco ambiental.
Recentemente, uma reunião técnica entre governo estadual, prefeitura de Bonito e órgãos federais debateu os impactos crescentes desses animais. Foi destacado que os javalis afetam entre 10% a 15% do agronegócio local e também interferem no turismo, quando invadem áreas de preservação e mananciais. Os animais têm destruído bordas de nascentes, comprometido cursos d’água e causado erosão, ameaçando o setor que mais sustenta a economia do município.
Em todo o Mato Grosso do Sul, debates legislativos estão ativos para reconhecer o javali como espécie invasora e praga, com propostas de lei para controle populacional, manejo legal, e responsabilização sanitária. A Assembleia Legislativa recebeu projetos que visam autorizar o abate legal e estabelecer regras mais rígidas para lidar com essa espécie que se multiplica rapidamente, sem predadores naturais.
Além do impacto no campo e no ambiente natural, há relatos de que o javali ataca animais domésticos, invadiu áreas agrícolas e representa risco à saúde pública. Produtores rurais afirmam que perdas de produção podem chegar a cerca de 10% em lavouras de milho e outras culturas, especialmente nas safras de menor escala.
Também ocorreram ações de controle. Em Rio Brilhante (interior do estado), por exemplo, foi abatido javali de aproximadamente 300 quilos em fazenda empenhada no manejo ambiental. Esses eventos ganham destaque pela quantidade e tamanho dos animais, o que evidencia a gravidade do problema para quem vive do campo.
Críticas necessárias
Toda essa situação expõe falhas e omissões no cuidado com o meio ambiente, na gestão pública e no aparato legal. O controle ainda é fragmentado, muitas vezes dependente de iniciativas locais ou de produtores que têm que arcar com custos de contenção (como cercas elétricas) para proteger suas lavouras. A legislação estadual e federal é lenta no reconhecimento formal da praga, dificultando ações coordenadas e eficientes de manejo. Há conflito entre quem defende o uso da caça legal para manejo, e quem alerta para riscos de abuso, impactos na fauna nativa e necessidade de regulamentação rigorosa. A falta de preparo ou de recursos técnicos, especialmente em comunidades rurais menores, dificulta ações práticas; sem apoio efetivo do governo, pequenos produtores ficam mais expostos às perdas.
Em resumo
Bonito, símbolo de beleza natural, está sob risco real. Os javalis estão corroendo nascentes, destruindo produção agrícola e ameaçando o turismo, que é a principal vocação da região. O Mato Grosso do Sul vive o momento de decidir se seguirá na defensiva, reagindo quando já há danos visíveis, ou se adotará políticas eficazes e proativas de manejo, legislação clara e envolvimento de toda a sociedade.
Referências
Prefeitura de Bonito / SEMADESC, Assembleia Legislativa de MS, Aprosoja/MS
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