O Brasil, que vinha orgulhoso de figurar como país mais inovador da América Latina, acabou perdendo essa posição para o Chile no mais recente Índice Global de Inovação (IGI), publicado pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI). O Brasil caiu para 52ª posição global, tornando-se o segundo colocado na América Latina, atrás do Chile.
Esse ranking leva em conta 80 indicadores, que vão desde insumos de inovação — como educação, infraestrutura, ambiente regulatório e investimentos em P&D — até os resultados concretos, como patentes, produtos novos e produção científica.
Para o Brasil, os sinais são mistos. Há pontos fortes no sistema de inovação: por exemplo, o país se destaca em participação eletrônica (serviços governamentais online) e no número de “unicórnios” – startups avaliadas em mais de 1 bilhão de dólares. Mas os resultados fracos em educação superior, ambiente de negócios, facilidades de crédito, e ineficiências regulatórias têm pesado bastante.
O que explica a ascensão chilena
O Chile subiu no ranking por melhorar consistentemente em várias frentes que o Brasil deixou mais parado. Melhores regulações, mais eficiência no ambiente de negócios, políticas mais claras de fomento à inovação, acesso a crédito, educação superior de qualidade e instituições mais ágeis são alguns dos fatores que parecem estar fazendo diferença.
Críticas que não podemos ignorar
A queda brasileira não é só uma questão técnica de métricas — ela também expõe falhas estruturais. Políticas de incentivo à inovação estão aquém do que se espera de uma economia do tamanho do Brasil. A burocracia, a instabilidade regulatória, os obstáculos de financiamento (especialmente para pequenas e médias empresas e pesquisadores) e os gaps na educação superior são barreiras reais.
Além disso, há um problema de visão estratégica: inovar não é só produzir startups, patentes ou iniciativas tecnológicas isoladas. É também integrar ciência, setor produtivo, educação, políticas públicas consistentes. Quando essas engrenagens não se conectam, o país perde terreno para competidores menores, mas mais organizados — como o Chile mostra estar sendo o caso.
Conclusão
O fato de o Brasil ter sido ultrapassado pelo Chile no ranking global de inovação é um golpe de alerta. Não é desastre, mas claríssimo sinal de que não podemos descansar sobre conquistas antigas. A inovação é cada vez mais central na economia global — quem ficar parado vai ficar para trás. Para reverter isso, o Brasil precisa de mais políticas estratégicas, educação forte, ambiente regulatório eficiente e visão de longo prazo. Se essas peças não forem ajustadas, o Chile — e outros países latino-americanos — continuarão puxando à frente.
Referências
OMPI – Índice Global de Inovação (IGI)
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