Apps Reduzem Desemprego e Aumentam Renda em R$300 no Brasil, Revela Estudo

O crescimento acelerado do trabalho em aplicativos está reduzindo significativamente o desemprego e impulsionando a renda no Brasil. Sem as plataformas digitais, a taxa de desemprego atual seria cerca de 1 ponto percentual maior, um efeito considerável em um mercado de trabalho que registra a menor desocupação da história, de 5,6% no trimestre encerrado em setembro. Esta análise é baseada em um estudo inédito do pesquisador Daniel Duque, do FGV/Ibre, que mapeou a parcela da população mais propensa a trabalhar com aplicativos.

O estudo concluiu que o grupo mais propenso a trabalhar com aplicativos, composto principalmente por homens brancos, moradores de capitais e com idades entre 25 e 29 anos, viu seu nível de ocupação crescer 3 pontos percentuais a mais do que o restante da população na última década. O nível de ocupação geral foi de 58,7% no trimestre encerrado em setembro. Duque afirma que os aplicativos mudaram o mercado de trabalho de forma estrutural e que esse crescimento deve continuar, ainda que em menor ritmo.

O impacto na renda também é notável: o grupo com maior probabilidade de trabalhar em aplicativos tem uma renda mensal R$ 300 mais alta do que a média da população menos propensa. Essa renda adicional se mantém estável ao longo do período estudado (2015-2024), mesmo com a informalidade do mercado. O número de trabalhadores em plataformas digitais no Brasil saltou de 770 mil em 2015 para 2,1 milhões no segundo trimestre de 2025, um crescimento de 170%.

Trabalhadores como o entregador Eric Peres Macedo, 26, relatam faturar até R$ 8.000 por mês com jornadas de 10 a 12 horas, destacando a acessibilidade e a flexibilidade do trabalho em aplicativos, que não exige diploma ou vestimenta específica. Muitos combinam o trabalho em aplicativos com empregos formais ou optam por ele para ter mais autonomia, como o entregador João Iramar dos Santos, 25. Esses trabalhadores representam cerca de 1,8% do total de ocupados no Brasil, percentual que sobe para quase 4% em algumas capitais.

Apesar dos benefícios em termos de ocupação e renda, o estudo aponta a falta de proteção social como um lado negativo, com apenas 22,3% dos trabalhadores contribuindo para o INSS e sem cobertura em caso de acidentes. Duque sugere a necessidade de políticas públicas para assistir esses trabalhadores, enfatizando que a solução não reside em combater os aplicativos, mas em criar mecanismos de apoio e segurança para os trabalhadores de plataforma.

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