Brasil responde por 53,5% do aumento da produção mundial de carne bovina nos últimos cinco anos

O mundo depende atualmente do fornecimento de carne bovina do Brasil devido à oferta global restrita e aos déficits de produção nas principais economias. Caio Toledo, diretor de Café, Algodão e Pecuária da StoneX Brasil, destacou que países como China, Japão e Estados Unidos produzem menos do que consomem, tornando Brasil e Austrália os únicos com capacidade de atender essa demanda adicional. Essa dependência se reflete tanto no abastecimento quanto nos preços internacionais da proteína bovina. O Brasil assumiu um protagonismo inédito no mercado global de proteína bovina, respondendo por 53,5% do aumento da produção mundial nos últimos cinco anos.

Mesmo com tarifas impostas pelos Estados Unidos, as exportações brasileiras mantiveram-se firmes, ocupando o espaço deixado pela produção norte-americana e por outros concorrentes. Toledo observou que o mercado global está tão ajustado que qualquer lacuna deixada por um produtor é rapidamente preenchida por outro. Para 2026, ele prevê a manutenção de patamares elevados nas exportações, impulsionadas pela demanda consistente da Ásia e por um mercado internacional que, segundo ele, permanece em desequilíbrio estrutural.

Em relação ao mercado doméstico, Toledo avalia que 2026 apresentará um cenário favorável ao consumo de carne bovina no Brasil. Os principais indicadores econômicos apontam para uma melhora consistente na demanda, com crescimento da economia, queda no desemprego, melhoria no câmbio e na inflação, e possibilidade de recuo nos juros. Esse ambiente é considerado muito positivo para o ano.

O diretor da StoneX Brasil também destacou que o rendimento médio do trabalhador brasileiro atingiu um dos maiores níveis da série histórica, o que tende a impulsionar as compras de cortes de maior valor agregado, beneficiando o consumo de carne bovina. Contudo, um ponto de atenção permanece: o endividamento das famílias. A principal dúvida é se a renda adicional será direcionada para o consumo ou para o pagamento de dívidas.

A disponibilidade de carne no mercado interno será um fator decisivo, pois a disputa entre exportação e consumo doméstico deve se intensificar com a economia mais aquecida. A análise de Toledo sugere que o Brasil continuará sendo um pilar fundamental para o suprimento global de carne bovina, ao mesmo tempo em que se prepara para um fortalecimento do mercado interno em 2026.

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