Custos logísticos e juros altos prejudicam exportações brasileiras, aponta CNI

A competitividade das exportações brasileiras continua prejudicada por gargalos internos, especialmente logísticos, e por fatores macroeconômicos como juros elevados, conforme revela a pesquisa Desafios à Competitividade das Exportações Brasileiras, divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em 9 de dezembro de 2025.

O levantamento, que analisou 50 tipos de entraves, indica que os quatro maiores obstáculos para exportadores estão ligados à logística e infraestrutura, com o alto custo do transporte internacional sendo o principal, citado por 58,2% das empresas. Outros desafios logísticos significativos incluem a ineficiência portuária (48,5%), limitações de rotas e contêineres (47,7%) e altas tarifas portuárias (46,2%). A primeira barreira não logística identificada é a volatilidade cambial, mencionada por 41,8% dos exportadores.

O presidente da CNI, Ricardo Alban, destacou que esses gargalos internos comprometem a capacidade da indústria brasileira de competir globalmente, especialmente em um cenário externo de disputas comerciais e medidas restritivas. Ele ressaltou que o Brasil enfrenta desafios domésticos de longa data, como burocracia aduaneira, infraestrutura insuficiente e um arcabouço regulatório complexo, que elevam custos e reduzem a previsibilidade.

Comparado ao levantamento de 2022, houve uma leve melhora no custo do transporte doméstico, mas uma piora na percepção sobre logística portuária e o ambiente institucional. A ineficiência portuária, por exemplo, subiu da 14ª para a 2ª posição, refletindo o agravamento de gargalos operacionais. A CNI enfatiza que as duas décadas de pesquisa fornecem diagnósticos essenciais para aprimorar o ambiente de negócios e orientar a política comercial brasileira, com a gerente de Comércio Exterior, Constanza Negri, reforçando a importância desse diagnóstico para definir prioridades e ampliar a participação do Brasil no comércio mundial.

No que diz respeito ao acesso a mercados externos, a ausência de acordos comerciais com parceiros estratégicos é o maior entrave, citado por 25,8% das empresas. Outros obstáculos incluem barreiras tarifárias (22,7%), não tarifárias (21,7%), acordos insuficientes (20,9%) e exigências ambientais restritivas (9,7%). Adicionalmente, 31% das empresas enfrentaram barreiras nos destinos de exportação, principalmente tarifas de importação (67,2%), burocracia aduaneira (37,8%) e normas técnicas (37%). A pesquisa também aponta entraves tributários e regulatórios que afetam o custo operacional, com 32,1% classificando como crítico o alto tributo sobre serviços importados usados na exportação, 29,1% citando insegurança jurídica, 27,3% reclamando do excesso de documentos e 26% a ausência de janela única de inspeções.

A CNI propõe medidas como modernização do financiamento às exportações, simplificação tributária, implementação da Janela Única Aquaviária, facilitação do comércio através do Portal Único, priorização de acordos comerciais (Mercosul-UE, Mercosul-EFTA, EUA, Canadá) e criação de um Observatório da Competitividade das Exportações. A entidade considera 2026 um ano decisivo para avançar em reformas e modernização logística.

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