Ibovespa cai 1,84% com aversão ao risco; dólar sobe para R$ 5,40

Os mercados globais apresentaram viés positivo na tarde de sexta-feira, 5 de dezembro, impulsionados pela divulgação de dados econômicos nos EUA. A inflação ao consumidor (PCE) subiu 0,3% em setembro em relação a agosto, e o índice de sentimento do consumidor avançou para 53,3 pontos, superando as projeções. As expectativas de inflação para os próximos 12 meses recuaram para 4,1% e para cinco anos para 3,2%, reforçando a percepção de controle inflacionário. Esse cenário favoreceu os ganhos nos índices Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq, com os Treasuries em alta e o dólar estável ante moedas fortes. Na Europa, dados de encomendas industriais e revisão positiva do PIB também contribuíram para o otimismo, enquanto o petróleo subiu cerca de 1% devido a prêmios geopolíticos e expectativa de demanda resiliente.

No Brasil, o Ibovespa, após atingir uma nova máxima histórica pela manhã, inverteu a tendência e operava em queda de 1,84%, aos 161.424 pontos, por volta das 14h30. A realização de lucros e o aumento da aversão ao risco, desencadeados por notícias políticas, pressionaram o índice. Em contrapartida, o dólar disparou 1,62%, cotado a R$ 5,40, refletindo a saída de capitais e a demanda típica de fim de ano. A curva de juros futuros também reagiu, com altas nos vencimentos mais longos, à medida que investidores ajustam posições antes das decisões do Copom e do Fed na próxima semana.

Entre os destaques do Ibovespa, a Braskem (BRKM5) liderou os ganhos com alta superior a 6%, impulsionada pela expectativa de venda da participação da Novonor. A Petrobras (PETR3; PETR4) sustentou avanços acompanhando a alta do petróleo. Em sentido oposto, Azzas (AZZA3) e Allos (ALOS3) figuraram entre as maiores quedas após um bloco de negociação (block trade) realizado pelo fundo canadense CPPIB, uma operação de grande volume fora do mercado tradicional para minimizar o impacto nos preços, geralmente com desconto.

Setores como bancos e varejo ampliaram suas perdas em meio ao aumento da volatilidade no mercado. A Vale (VALE3) também perdeu força após uma recuo nos preços do minério de ferro no exterior. A divulgação do PCE e do sentimento do consumidor nos EUA reforçou as apostas em um corte de 0,25 ponto percentual pelo Federal Reserve na próxima semana, com cerca de 87% de chances segundo a CME, enquanto as chances de manutenção da taxa ficaram em 12,8%.

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