Tributar aplicações reduzirá financiamento da agropecuária, infraestrutura e construção civil

Devemos retirar essas medidas do texto da MP. Às vezes achamos que estamos ganhando, mas no final estamos perdendo, inclusive prejudicando a produção de alimentos“, disse Tereza Cristina

A tributação sobre aplicações financeiras prevista na Medida Provisória (MP) 1.303/2025 representa um retrocesso no financiamento da infraestrutura do país e pode colocar em risco obras de saneamento e transporte. Também trará impactos negativos para a agropecuária e para o mercado imobiliário. A opinião foi compartilhada por todos os debatedores que participaram de audiência pública na última quarta-feira, 03/09, na comissão mista que analisa a MP.

A proposta de alteração na tributação de instrumentos financeiros como LCIs e LCAs incluída na medida provisória pode representar um grave retrocesso para o financiamento da agricultura e do setor imobiliário, segundo avaliação do representante da Associação Paulista de Estudos Tributários (Apet), Igor Nascimento. Ele  alertou para o impacto da perda de segurança jurídica e previsibilidade, especialmente em investimentos de longo prazo, e para o risco de fuga de capitais.

“O dinheiro vai sair do Brasil e vai para o exterior. O investidor que hoje coloca recursos no Fiagro [Fundo de Investimento em Cadeias Agroindustriais] vai sair e investir na produção agrícola de outro país”, alertou.

A senadora Tereza Cristina (PP-MS) reconhece a necessidade de buscar o equilíbrio fiscal, mas discorda dos caminhos escolhidos pelo governo. “Não podemos retroceder. Devemos retirar essas medidas do texto da MP. Às vezes achamos que estamos ganhando, mas no final estamos perdendo, inclusive prejudicando o financiamento da produção de alimentos. É preciso olhar com atenção se vale insistir nesses temas na medida provisória”, afirmou.

A comissão mista que analisa a MP é presidida pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL). O relator da proposta, deputado Carlos Zarattini (PT-SP), deve apresentar seu parecer no dia 16 de setembro.   

Com informações da Agência Senado
Foto: Carlos Moura/Agência Senado

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