Em 24 de novembro de 2025, o Ibovespa iniciou o pregão com atenção voltada ao novo Boletim Focus, publicação semanal do Banco Central do Brasil que reúne projeções de inflação, atividade econômica, câmbio e taxa Selic. Mudanças nas expectativas dos economistas do mercado influenciam diretamente os juros futuros, especialmente em momentos de incerteza fiscal, e costumam orientar os ajustes no mercado financeiro brasileiro.
No exterior, os investidores reagiram à queda nos rendimentos dos Treasuries dos EUA após declarações mais suaves de dirigentes do Federal Reserve. O presidente do Fed de Nova York, John Williams, afirmou que há espaço para cortes de juros no curto prazo sem comprometer a meta de inflação, enquanto o diretor Stephen Miran indicou apoio a um corte de 25 pontos-base. Esses sinais ajudaram os índices de Nova York a fecharem em alta na sexta-feira anterior, com Dow Jones (+1,08%), S&P500 (+0,98%) e Nasdaq (+0,88%).
Contudo, indicadores econômicos da Europa trouxeram sinais de desaceleração, com os PMIs (Índice de Gerentes de Compras) mostrando contração nos setores industrial e de serviços. Esses dados fracos reforçaram preocupações sobre o ritmo da economia global. Paralelamente, o preço do petróleo recuou cerca de 1% com avanço nas negociações diplomáticas relacionadas ao conflito na Ucrânia, afetando o desempenho das commodities.
No Brasil, o Ibovespa fechou a sexta-feira anterior em queda de 0,39%, aos 154.770 pontos, descolado da alta observada em Nova York. O enfraquecimento das commodities e as preocupações fiscais internas pressionaram o mercado local. A retirada de tarifas adicionais pelos Estados Unidos trouxe alívio pontual, mas não foi suficiente para alterar o viés negativo do pregão.
O dólar encerrou a sexta-feira em alta de 1,18%, cotado a R$5,40, o maior valor desde 17 de outubro, quando fechou a R$5,4055. A moeda acumulou ganhos semanais de 1,97% e passou a apresentar variação positiva no mês (0,39%). Apesar disso, as perdas anuais do dólar frente ao real ainda são de 12,60%. A curva de juros doméstica voltou a se inclinar nos trechos curto e médio, refletindo ajustes ante o cenário externo e as expectativas do Boletim Focus.
