Em defesa do comércio local: Acisga solicita o cancelamento da vinda da Feira Bosque da Paz

| VICTOR CURRALES


Feira da Lua na Cohab IV - Foto: Victor Currales

Fazer a feira e ser feirante é a construção cotidiana do trabalho em mercados de rua no contexto urbano e fundamentalmente amparado em suas habilidades de construir laços sociais e promover sociabilidades.

Além disso, as feiras livres constituem-se como espaços de desenvolvimento das relações comerciais, que compreendem em suma, a realidade clássica do processo de negociação de produtos, oriundos da agricultura familiar, da pecuária, dos trabalhos artesanais, da confecção de produtos oriundos de receitas familiares ou até mesmo da própria indústria.

As ações e reflexões que esses trabalhadores elaboram sobre seu trabalho no dia a dia do mercado evocam os saberes e fazeres que sistematizadas nessa trajetória, como as formas de tratar os fregueses, os conhecimentos sobre os alimentos, suas origens, circulação e distribuição, as redes de fornecedores que tecem, etc.

Mais que produtos, na feira encontramos relações sociais das mais diversas formas da sociabilidade, onde representações da cultura popular são evidenciadas através da comercialização de seus produtos, mas acima de tudo das tradições, dos valores, dos hábitos e costumes que foram herdados que moldaram suas identidades locais.

A ênfase depositada na construção do laço social com seus fregueses (e também fornecedores e colegas) relacionada com a repetição cíclica dos gestos e práticas no mercado, nos revelam que fazer a feira é também fazer o feirante, no sentido de um contexto construído cotidianamente a partir de uma experiência compartilhada e de territorialidade.

Feira da Lua na Praça da Cohab IV - Foto: Victor Currales

Neste sentido, os comerciantes da Feira Livre – Feira da Lua de São Gabriel do Oeste-MS, estão apreensivos com a proposta apresentada pela administração municipal de trazer para o município nos dias 9 e 10 de dezembro durante a programação do Projeto Luzes do Cerrado da tradicional Feira Bosque da Paz de Campo Grande.

Exigências

De acordo com o presidente da Associação dos Feirantes de São Gabriel do Oeste, o jornalista e comerciante de Água de Coco, Victor Currales, a ideia não agradou a maioria dos comerciantes.

O dirigente ressalta ainda que as exigências são muitas para que os feirantes de São Gabriel do Oeste possam participar, segundo informado pelo site oficial da prefeitura de São Gabriel do Oeste, aqueles que preencherem os requisitos e aceitos pela organização da feira, além de pagamento de taxa de participação terão que ainda que pagar 15% do faturamento de cada barraca.

Uma outra questão levantada pelos feirantes de São Gabriel do Oeste é que a data proposta dentro da programação oficial do Projeto Luzes do cerrado é muito aguardado por todos os comerciantes da cidade pois é o mês do 13º salário e que há uma expectativa geral no aumento das vendas e, portanto, em nada a vida da Feira Bosque da Paz, acrescentaria no comércio local.

“Estivemos reunidos com o governo municipal, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e o vereador Fábio Miranda e também com a diretoria da Adamas, organizadores da Feira Bosque da Paz há alguns dias, porém não houve um acordo, pois, a vinda da feira já estava decidida pela administração municipal, porém ainda acreditamos e esperamos que a vontade dos interessados seja garantida”, afirmou Victor Currales.

A pequena microempreendedora Melissa dos Santos Muller (direita), é a masconte da Feira da Lua - Foto: Victor Currales

Defesa

Ao tomar conhecimento da proposta feita pela administração municipal e em defesa do comércio local e a necessidades de fomentar o empreendedorismo no município, um dos seus mais nobres ideais, a Acisga-Associação dos empresários de São Gabriel do Oeste-MS, foi procurado por alguns dos comerciantes, e adotou uma postura de conciliação, para buscar uma solução que atenda a vontade dos associados e feirantes do município.

Em Ofício protocolado sob o nº 17735 às 14:55 do dia 01/11/2023, a ACISGA solicitou ao prefeito Jeferson Tomazoni o cancelamento da vinda da Feira Bosque da Paz, que segundo ela, acarretaria ainda mais a crise que se estabelece no comércio da cidade entre outros motivos elencados no referido Ofício.

Ofício enviado pela ACISGA, solicitando ao prefeito Jeferson Tomazoni, o cancelamento da vinda da Feira Bosque da Paz

“Entendemos e apoiamos as ações administrativas do governo municipal, bem como a dos feirantes que agora temos o dever de ofício de defender, e por isso, precisamos encontrar um denominador comum para que tenhamos uma solução favorável a todas as partes envolvidas, sempre lembrando que a legalidade e o interesse comum prevaleçam”, afirmou Victor Currales, que propôs agendar uma reunião com o prefeito Jeferson Tomazoni, para discutir sobre o assunto e buscar uma solução viável.


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